Se durante o dia se dedica às aulas de Artes Visuais e Expressão Plástica a crianças do 1º ciclo, fazendo sonhar os seus alunos, é à noite dá asas à sua criatividade e usa a arte para fazer os outros sonhar.

 

Diz-nos que é no silêncio da noite que encontra a energia que o ajuda a criar. “Muitas vezes, chego aqui ao estúdio, tiro o meu café, e fico só a olhar para as paredes e a pensar. Não oiço nada. Não oiço barulho nenhum. É assim que começa o meu processo criativo.”

 

 

O lado artístico despontou cedo e, se há palavra que marca esta entrevista, certamente será o verbo “sonhar”.

 

Diz-nos, com um olhar que nos faz recuar no tempo, que tudo começou com o “sonho era ser um actor tão bom como o Vasco Santana.” Nunca o travaram de lutar por essa vontade e foram os pais que embarcaram neste desejo. Inscreveram-no em agências de representação e acompanharam-no e foi assim que começou a trilhar o seu caminho.

 

Sonhador mas pragmático q.b. revela que a representação não dependia apenas dele do seu esforço ou talento e desabafa que percebeu “que queria trilhar um caminho sozinho”. Como? Agarrando-se “a uma área que é um nicho de mercado: o grafiti.”

 

 

E os pais? Como reagiram? “Assustados”, diz-nos. Mas o sonho comanda a vida e, segundo o João (Dish), confessava-lhes várias vezes “não gosto de paredes brancas. Quero cobrir o mundo”. Era impossível virar a cara a uma vontade tão grande de colorir o que o rodeava.

 

“Por incrível que pareça, os meus pais sempre me deram a possibilidade de escolher. E ainda hoje sigo o lema do meu pai: ‘se tu acreditas nisto, 90% é trabalho, os 10% de talento vêm por acréscimo’. E eu agarrei-me a isso.”

 

E como surge a dedicação aos mais novos? Onde entra a vontade de embarcar por uma das profissões mais importantes da sociedade: ser professor?

 

Revela-nos que os seus melhores amigos, os pais, o inspiraram. “A minha mãe trabalha num hospital, é auxiliar de acção médica, e sempre trabalhou em lares. Sempre admirei o seu empenho e dedicação aos outros. A minha responsabilidade cívica e social vem muito da minha mãe. Do meu pai vem a parte sonhadora, a parte trabalhadora que me fez perceber que por muito que goste de uma coisa tenho que ir à procura de outras ramificações.”

 

O percurso foi inspirador. Conta-nos que começou a pintar em escolas e colégios e, “há 11 anos, quando estou a pintar o Externato de São Cristóvão surge uma vaga para professor de artes visuais. Rapidamente, percebo que gosto daquilo. E, mais do que gostar, eu necessito da energia e da pureza das crianças. “

 

É assim que nasce o João: professor do 1º ciclo nascido que nasce de uma ramificação do grafiti.

 

“Partilho o meu trabalho com os meus alunos. O que eu crio e pinto é muito inspirado no que eles me ensinam. E eles nem têm consciência do quão importante são os seus ensinamentos e o quanto isso me forma enquanto pessoa e profissional.”

 

Orgulhoso do impacto que tem na vida de todos os que o rodeia, conta o dia em que um bilhete o marcou. Dizia ‘Obrigada por ter dado asas à minha filha.’

 

O João, ou Dish se preferirem, dá asas a quem o rodeia e, a nós, inspirou-nos ao partilhar o seu ideal: “nós, se calhar, não conseguimos mudar o mundo, mas conseguimos mudar, todos os dias, o nosso metro quadrado.”

 

Veja o episódio completo, aqui:

 

 

Agora que conhece o João, deixe-se levar nesta viagem pelas vidas daqueles cujas vidas se cruzam com o dia por um instante e decidem viver em ContraCiclo. Todos os episódios, aqui.